sexta-feira, 8 de abril de 2011

A ilusão do sentido do texto




Li um texto e ele me disse algo.

Mostrei-o a um amigo, e a ele o texto disse coisa diversa.

A uma terceira pessoa, o texto disse algo que não dissera a nenhum de nós.

A uma quarta, o texto emudeceu.

Voltei a lê-lo muito tempo depois e o texto me disse algo completamente novo.
Tenho agora a impressão de que o texto jamais nos disse coisa alguma.
E que a cada momento, a cada contexto, o texto nos diz algo de novo, ou melhor, nós dizemos que ele nos diz algo de novo.


E que, a pretexto de falar de textos, estamos a falar de nós mesmos, de modo que os textos somos nós e nós somos os textos.
E que os limites de um texto são nossos próprios limites.





Publicado por Paulo Queiroz
Impresso de Paulo Queiroz: http://pauloqueiroz.net
URL: http://pauloqueiroz.net/a-ilusao-do-sentido-do-texto/

Nenhum comentário:

Postar um comentário